sexta-feira, 24 de junho de 2011

Movimento Punk




1-AS ORIGENS
Punk era uma gíria estadunidense, que designava sujo, sem valor, desmoralizada e coisas do tipo.
O movimento punk no Brasil surgiu no início da década de 80, na cidade de São Paulo, mais precisamente nas áreas suburbanas e do grande ABC, motivos não faltaram para o surgimento desse movimento, que repudia fascismo, racismo, sexismo e autoritarismo, pois nessa época o país vivia uma ditadura sufocante, forte onda de desemprego e o inconformismo social eram mostrados através da música e da rebeldia.
Na época fanzines que expressavam o anti-capitalismo eram bastante comuns, o que chocava demais a sociedade conservadora e burguesa. O corpo e os trajes também eram bastante usados contra essa sociedade conservadora, como por exemplo, as roupas rasgadas pichadas com símbolos anarquistas ou socialistas, buttons, alfinetes, correntes, os cabelos coloridos com moicanos enormes e espetados, tudo isso era uma forma de expressão que fugia totalmente dos padrões da moda e consumo.
O movimento vindo da Inglaterra foi adaptado à realidade do nosso país, onde a juventude se via sem futuro e oprimida pelo estado.
2-QUEM PRÁTICA E SEGUE O MOVIMENTO?
Como já dito no início o movimento punk surgido nos anos 80, tinha uma forte ideologia, na época haviam punks bastante politizados, bandas como Inocentes, Garotos Podres, Ratos de Porão, Cólera, Olho Seco, Restos do Nada, atraiam milhares de pessoas que viam na música e no visual uma forma de contestar.
Nos dias atuais a ideologia está um pouco escassa, o punk está virando modismo. Dificilmente nos deparamos com punks que seguem a verdadeira ideologia do movimento, sem contar que atualmente o movimento se dividiu em facções: anarco, sub, kaos, independente, libertário, entre tantas outras, criando determinada rivalidade dentro do próprio movimento, criando assim uma onda de violência entre os próprios.
O movimento ainda não está morto, apenas decadente.
A rebeldia politizada de um punk dos anos 80 foi substituída pelo modismo alienado do “punk” do século XXI.

3-PARTICULARIDADES DO MOVIMENTO
O movimento punk tem suas particularidades, como por exemplo, o Do it yourself (faça você mesmo) e o No proft(sem lucros), onde exigem muito rigor no cumprimento das devidas “regras” que são a base do movimento. Essas expressões mostram a postura anticapitalista, antimidiática e anticomercial, características essas singulares do movimento punk.
Os fanzines são bastante característicos desse movimento, que procura através do mesmo mostrar a visão politizada dos punks e a solidariedade com as camadas discriminadas perante a sociedade, um dos fanzines mais populares do movimento era o “Libertare”, um fanzine liderado por uma mulher anarco-feminista na cidade de João Pessoa - PB, que seguia adequadamente a ideologia, não tinha fins lucrativos, buscava levar informações do ponto de vista externo a mídia oficial, bem como denúncias e críticas ao sistema.
O visual com certeza é o que mais chama a atenção no movimento, esse visual além de ser um dos primeiros elementos da cultura punk, permanece desde o seu nascimento.
Cada cor e cada peça, ao contrário de que muitos pensam, têm um significado dentro da ideologia, analisaremos cada uma delas:
-uso da cor preta: representa a existencialismo e o anarquismo.
-jaquetas de couro, braceletes, pulseiras, calças rasgadas (adornadas com alfinetes, correntes, pregos, etc.): tem uma forte influência sadomasoquista e vem justamente com o intuito de chocar a sociedade com muita agressividade.
-cabelos moicanos: era um corte de cabelo usado pelos índios siuoxs, extinto povo estadunidense.
-cabelos coloridos e espetados, bem como o próprio moicano: vem bater de frente com a estética imposta pela sociedade de consumo.
-buttons: é um meio de comunicação punk posta na própria roupa, já que geralmente trazem uma mensagem, seja ela o símbolo do anarquismo, do comunismo e muitas vezes até do nazismo, rostos de ídolos revolucionários (Che Guevara, Marx, etc.) também fazem parte desse meio de propagar a ideologia.
BIBLIOGRAFIA:
CALAFA, Janice. O movimento punk na cidade: a invasão dos bandos sub. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
ABRAMO, Helena. Cenas juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. São Paulo: Página Aberta, ANPOCS, 1994.

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